Botarom lixo no meu verde jardim

Comecei a minha faixa, escolhim cores moi vivas e um lenço firme, que terme, como umha vela do vento que zoa quase sempre nas minhas janelas cara à Ria. A minha casa sinala à direita, na outra banda, à planta regasificadora de Reganosa. Por isso ainda que queira, nom podo mais que pensar nela um dia sim e outro também. Sílvio Rodríguez soa na minha cabeça "han tirado basura en mi verde jardin, si descubro al culpable de tanto desastre lo va a lamentar".

Estes días especialmente intensos reconciliarom-me coa minha cidade. Umha cidade que parecia estar resignada a viver enxurrada. Umha cidade que com cada maré adormecia ou acordava ao cheiro dos seus própios escrementos. Mas a minha cidade está viva. Escuitei umha frase que nom sei bem a quem pertence, mas que di "as pessoas nom vivem em sociedade, construem sociedade para viver". A minha cidade está viva porque ante umha ameaça como a que representa REGANOSA construe um movimento cidadá de autodefesa. Um movimento que se ergueu hai mais de seis anos, mas que nestes quatro últimos dias conseguiu um dos momentos mais emotivos vividos a nível colectivo na cidade. As concentraçons no peirao de Curuxeias, a saída dos barcos, o seu regresso co froito recolhido arrincando aplausos e opai! das pessoas que os agardavamos... ainda que ao fim o gaseiro entrou. Ganharom, como soem ganhar-lhe em Ferrol, a quem se organiza contra as injustizas, pola força. Mas é triste pensar que detrás dessas ordes e detrás dessas decissons já nom estám os de sempre, agora estám os de sempre e alguns mais. Triste é reconhecer que alguns som amigos e amigas, ou velhos camaradas militantes noutras barricadas. Triste é escuitar umha frase repetida até fartar "em Ferrol esta-se criando um clima de inseguridade que vai fazer que o empresariado fuxa coas suas inversons a outra parte", e que essa frase nom saia da boca dos de sempre, senom dos de agora. Triste é que o "desarrollismo" dos anos sesenta se instale na Conselharia de Industria, mentres o mundo fai, mais decididamente que nunca, umha condena do modelo económico que o inspirou.

Nom sei que tipo de pactos podem desembocar num despropósito tam grande como é nestes momentos a planta de gás do concelho de Mugardos. Nom sei que tipo de políticas avalam um apoio sem medida a um grupo empresarial que nunca se destacou polo seu contributo ao bem comúm. Nom sei que tipo de políticas avalam um fazer os ouvidos xordos ante tanta voz do movimento cidadá que alerta do perigo para a cidadania. Nom sei que tipo de políticas avalam o considerar que a ameaza da planta de gás queda superada polo interesse estratégico que tem.
Nom sei. Mas o que sim sei é que essas políticas nom me representam, e o dia 27 irei dar o meu voto pola Ria, pola vida, por essa cidade viva e nom escrava dos pactos e os interesses económicos.Esta cidade coa que me reconciliei estes días, onde vemos caras novas e também velhas. Esta cidade onde a soldadura uniu as aristas que levamos cada quem ao lombo, para unir-nos porque está ameazada a nossa vida.

Estou pintando a minha faixa para pendurar da minha janela porque ainda queda muito caminho por andar. E coloquei o livro "Muros de silencio" ao pé da minha almofada, porque Henrique Barrera nolo recomendou hoje como um livro para a luita, que devemos estudar para ordear bem os nossos argumentos e seguir dando o debate por um modelo de desenvolvimento respetuoso coa vida e o meio. Do resto penso que está todo em marcha, quando menos já sei dumha nova cita cidadá no peirau, e umha nova reuniom do Comité de Emerxencia, e umha nova Asemblea Cidadá...
O xacimento romano da fotografia, estava sendo escavado por Patrimonio quando se decidiu construir a planta regasificadora. Os restos do xacimento, agora já desaparecido, estám na actualidade apilados em caixas.


Lupe Ces
Ferrol - 10.05.2007

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